quinta-feira, 30 de junho de 2011

Resenha Crítica sobre AUTOR, TEXTO e AUTORIA.




Tendo como base o artigo de Michel Foucault, apresentado em uma conferência no ano de 1970, na Universidade de Búfalo (Estado de Nova Iorque), sobre “o que é um autor”, algumas observações iniciais acerca do princípio ético da escrita contemporânea são necessárias.
O que importa quem fala? Claro que deve existir consideração pelo sujeito falante que expressa o seu pensamento e o registra em uma época. Importa, outrossim, o contexto em que se desenvolve o texto.
Se esse “texto” foi escrito por alguém que tem um nome, que se apropriou dele e se responsabilizou por ele, é óbvio que deve ser considerado. Já que houve um idealizador e um produtor, consequentemente, tem-se uma obra realizada e atribuída a alguém.
Tal discurso filosófico, político ou autoritário deu-se em um determinado tempo histórico-social e marcou um momento decisivo no campo discursivo. Faz-se necessário, pois, dizer que Foucault, em sua análise, partiu de uma época em que o autor não tinha qualquer “status” e era visto como um ilustre desconhecido.
Outro fator a ser levado em conta é que grande parte da população era analfabeta, contribuindo, dessa forma, para que a figura do autor fosse relegada ao anonimato e desconsiderada em sua função autoral.
Em outra consideração, Michel Foucault afirma ser o autor aquele a “quem se pode atribuir o que foi dito ou escrito”, conceito limitado para alguém que influencia uma cultura marcando época e deixando sinais visíveis e indeléveis dessas suas ideias, da sua presença e da sua personalidade na história, verdadeira “aura” na escala do tempo.
Autor não é um simples escritor de uma obra artística, literária ou científica, mas o instaurador de um novo espaço que se estabelece em um momento x da humanidade. Figura essa, ímpar, ou seja, não exercida de uma forma universal, importante em todos os espaços, mesclando de tal forma, vida, valores e verdades, em que, por vezes, torna-se difícil fazer a distinção entre autor e obra, em referência a texto e autor.
Claro que nem tudo que se escreve é uma obra, como nem todo discurso ou obra têm autoria. Mesmo assim, quer seja um fiador ou um signatário, o mérito é sempre o mesmo.
Textos anônimos ou renomados são sempre obras de quem projetou, arquitetou e desenvolveu algo saído do coração e de uma experiência de vida no jogo de suas relações internas.
Enfim, ter o nome de autor não é uma simples alcunha ou epíteto depreciativo, mas uma determinação honorífica a quem, por séculos, a humanidade deverá prestar preitos de gratidão.
Ainda outras conclusões podem ser acrescentadas a essa notável função-autor na sociedade: aquele, único, no gênero; um ser que une gerações na sua função transdiscursiva: um verdadeiro marco social sem fronteiras, que, mesmo afetado pela exterioridade, busca a coerência entre o seu interior e a humanidade e que nunca se apagará neste planeta, pois será um eterno cometa na história.



ORLANDI, Eni P.; LAGAZZI-RODRIGUES, Suzy (Org.).
Discurso e textualidade. Introdução às ciências da linguagem.
Campinas, SP: Pontes, 2006. p.81

Resenhado por Ênio L.C. TAVARES.

Discurso e textualidade é o terceiro volume da coleção Introdução às ciências da linguagem. Essa coleção, que reúne diversos textos sobre diferentes áreas dos estudos das linguagens, constitui um documento de fundamental importância para todos que se interessam pela área.
Organizado por Eni P. Orlandi e Suzy Lagazzi-Rodrigues, respeitadas professoras e pesquisadoras na área da análise de discurso de linha francesa (AD), o livro possui elementos essenciais para quem está sendo iniciado nos estudos de AD.
O que seguirá agora é um pensamento crítico acerca das sábias palavras de vários autores na obra Discurso e Textualidade, em especial a teórica e professora Suzy Ragazzi sobre o universo do texto e de sua autoria.
Afinal, o que é dito acerca do texto na obra? Existe autoria?
Antes mesmo do capítulo intitulado Texto e Autoria da Lazazzi, encontramos algumas considerações sobre o texto que acho importante compartilhar, uma vez que é feito um percurso histórico, que nos leva às primeiras indagações sobre o texto, objeto da oratória e da retórica, assim como era visto na Antiguidade; o seu chamado “apagamento”, com a passagem dos estudos em latim para as línguas neolatinas, que durou até depois do surgimento da Linguística Moderna, em pleno século XX, quando os estudos sobre o sistema linguístico intensificaram-se, como em Saussure (estruturalismo) e, posteriormente, Chomsky (gerativismo); e seu ressurgimento tímido em Jakobson e Hjelmslev. A partir de então, vai definir o texto como visto pela linguística textual, em suas diferentes fases. Assim também, pela análise de discurso de linha francesa, que analisa o texto em relação ao discurso, como em Michel Pêcheux, já na segunda metade do século XX.
Observando o capítulo de Suzy Lagazzi-Rodrigues, encontramos a autora sugerindo um outro recorte para o texto. De acordo com a proposta de Lagazzi, o texto deveria ser estudado sob o prisma da sua relação com a autoria. Ela, então tece considerações acerca da importância da autoria, suas concepções variadas, como vista na escola, onde ela é raramente praticada não apenas por alunos, como também por professores. Ela pontua como o texto é visto pela AD. Mostra-nos que a autoria está ligada à equivocidade da linguagem, sendo esta, princípio inerente à prática “linguageira”, a opacidade. Assim, critica a concepção de que há uma relação direta entre a transparência , palavras e ideias, o que vem a ser de fundamental importância para a questão da autoria em quaisquer linguagens.
Então, qual o foco que é dado no texto da teórica da AD sobre o autor? Para definir a função autor, Lagazzi traz a contribuição dos estruturalistas Roland Barthes e Michel Foucault, cujas ideias nos mostram que a função autor relaciona-se com a exterioridade que a constrói. Que a imagem do autor não mais é vista como uma figura constituída por inspiração. O autor perde seu patamar mítico. O autor é visto dentro da sua prática de escrever. Justamente, no momento em que a autora versa sobre a autoria na textualidade, ela observa que o efeito discursivo da unidade do texto vem da autoria, passando, esta, a ser princípio necessário ao discurso. Assim, considera que o autor se constitui no processo de construção do texto, como fora apontado por Barthes. Essa afirmação é interessante no que diz respeito à escola: é importante que se criem condições para a autoria no âmbito escolar, não limitar a criatividade do aluno, limitando assim, a sua apropriação do texto e , por conseguinte a sua autoria. É importante deixar claro que quando o aluno sente-se autor, sem as ‘castrações’ usuais da maioria dos professores, a produção de texto deixa de ser ‘maçante’ e passa a ser uma prática agradável.
A autora nos leva a uma conclusão que mais pode ser lida como um desafio. Levar a autoria para o ambiente escolar e praticá-la. Assim como, fazer uso da autoria em nossas tantas linguagens como ela bem cita logo no começo do texto. Para ela existe a autoria quando se tem a apropriação do texto e quando se pode expandir seu próprio universo sobre o texto. Salientando que as suas vivências, ideologias, conhecimentos de mundo agirão diretamente na autoria do texto. Vale pontuar aqui a riqueza e autoridade das autoras no que diz respeito à análise do discurso. Ao mesmo tempo que é uma leitura rica, é extremamente prazerosa.

segunda-feira, 20 de junho de 2011

MOBILE LEARNING as part of the learning process...

(alunos turma 2011.1 20:00h)













É uma fascinante área que mantem um grande potencial por permitir que a aprendizagem seja construída através de práticas interativas significativas. Ubíquo Learning .
A mobilidade e sua incorporação na cultura e na sociedade traz novas perspectivas e desafios para a educação. O crescimento acelerado da oferta e uso dos dispositivos móveis como tablets e smartphones apresenta inúmeras possibilidades para distribuição e produção de conteúdo em formatos que exploram novas formas de aprender. São as tecnologias disponíveis e oportunidades que a mobilidade traz para a construção de um novo modelo de educação: ubíquo, coletivo e pervasivo.
(texto retirado de uma oficina do prof. Marcos Barros)








(fotos 3 e 4 alunos 2011.1 20h)

quarta-feira, 15 de junho de 2011

Um olhar histórico sobre a leitura de textos...

O texto que segue é parte de um artigo escrito pela especialista em língua inglesa Renata da Cunha.
Também logo abaixo estará o livro que versa sobre o INGLÊS INSTRUMENTAL.O livro foi escrito por um ex-aluno meu ainda nos bons tempos do Colégio Especial Recife na década de 90. Márcio, o autor, foi meu aluno de língua inglesa. Hoje é professor de língua inglesa e escritor. Venho aqui divulgar o trabalho do querido Márcio Araújo Lins. PARABÉNS PELO TRABALHO , Márcio.
Há três séculos a leitura vem sendo utilizada como ferramenta no processo de ensino e aprendizagem de uma língua estrangeira, entretanto, o enfoque dado a ela depende da metodologia de ensino do idioma vigente na época.
No século XVIII e meados do século XIX, o Método Clássico era o método utilizado no ensino do latim, língua mais importante da época, nos institutos de educação. Ele se centrava principalmente nas regras gramaticais, na memorização de vocabulário, na tradução de textos e na resolução de exercícios. A língua era aprendida não visando à comunicação, mas sim a proficiência na leitura em latim. Segundo Brown (2001) saber ler em um idioma estrangeiro na época era sinônimo de erudição e de sabedoria, entretanto não havia preocupação em entender como esse processo acontecia.
Na segunda metade do século XIX, atendendo os interesses vigentes da época, o Método Clássico foi substituído pelo método ‘‘Grammar Translation’’, no ensino da língua inglesa. Brown (op.cit.) afirma que o segundo pouco se diferencia do primeiro, pois o ensino da língua continuava baseado nas estruturas gramaticais e na tradução de textos. Três aspectos chamam a atenção no que diz respeito à leitura: O vocabulário era ensinado através de listas isoladas de palavras, o contexto dos textos era ignorado, pois eles eram analisados à luz da gramática e difíceis textos clássicos eram lidos por alunos iniciantes.
Desde então, novos métodos de ensino de um idioma estrangeiro surgiram. No Método Gouin, a língua é ensinada sem tradução e sem explicações gramaticais visando à habilidade oral. Neste contexto, a leitura era vista como memorização de livros clássicos traduzidos e de palavras isoladas. Já no Método Direto, o ensino da língua centrava-se nas habilidades de falar e ouvir em um idioma estrangeiro. O vocabulário era ensinado através de demonstração e a gramática intuitivamente. Quase nenhuma atenção era dispensada à leitura. Por outro lado, o Método Audio-Lingual baseava-se em teorias behavioristas centrado na fala e na audição, visando uma boa pronúncia. O objetivo da leitura era o domínio de habilidades e fatos isolados através da decodificação mecânica de palavras e da memorização pela repetição. O aluno tinha um papel passivo, era visto como um instrumento receptor de conhecimentos vindos de fontes externas.



segunda-feira, 13 de junho de 2011

O USO DO BLOG FACILITANDO A APRENDIZAGEM DE LÍNGUA INGLESA.














Este texto é o relato de uma experiência junto aos meus alunos de língua inglesa "beginners". O nome do projeto era CUISINE FROM AROUND THE WORLD. O texto é parte integrante de um artigo que escrevi sobre o uso pedagógico dos blogs para o IX Congresso Internacional de Tecnologia na Educação. Segue parte da metodologia.


Fabiana Komesu em seu artigo Blogs e as Práticas de Escrita sobre si na Internet, comenta que uma das principais características atribuídas aos suportes eletrônicos da internet é a questão da interatividade। Ela nos diz que se trata da interface entre o usuário e a máquina, mas também da possibilidade de contato entre o usuário e outros usuários, na utilização de ferramentas que impulsionam a comunicação de maneira veloz, com a eliminação de barreiras geográficas. A noção de interatividade na internet pode ser assim associada à questão do tempo e à do espaço. Marcuschi (2004, p.118)






O meu trabalho focou no uso dos gêneros escritos e virtuais, na interação entre os alunos de 03 (três) turmas iniciantes de língua inglesa do Centro de Idiomas do Senac Recife no período de 20 de abril de 2011 até o dia 24 de maio de 2011। O estímulo em manter um diário eletrônico com informações acerca da cultura de vários países foi o combustível para os inúmeros textos escritos pelos alunos। Os mesmos foram responsáveis pela elaboração, confecção e manutenção dos blogs, o professor os monitorou ao longo do projeto। Os alunos escreveram textos ligados ao projeto relatando as impressões e informações pertinentes sobre os países e a culinária que os marcava। Eles visitaram os blogs dos colegas e comentaram as impressões usando a língua alvo, o inglês। Ficou estabelecido que cada grupo escolhesse um país para si। Devendo escolher um prato que mais representasse aquele país. Como já havíamos trabalhado aspectos relevantes sobre diversos países em aulas anteriores, não foi tarefa tão árdua escolher um país com o qual o grupo tivesse tido alguma afinidade. Foram 03(três) turmas. Cada turma com 20(vinte) alunos em um total por turma de 5(cinco) grupos de 4(quatro) alunos pesquisando hipertextos e empenhados em encontrar o prato perfeito. Os alunos tiveram 10(dez) dias para elaborar todo o trabalho. No 11º (décimo primeiro) dia souberam a ordem de apresentação através de sorteio com todos presentes. As apresentações começaram no 12º.(décimo segundo) dia. Os alunos prepararam os pratos em sala, compartilharam receitas (gênero textual) e informações relevantes sobre a cultura do país. Cada grupo ficou responsável por reportar tudo no blog. Os alunos tiveram um prazo de uma semana a partir da sua apresentação para os últimos acertos. No total o projeto durou um mês e com palavras dos próprios alunos “já deixou saudade”.

Usando os PUPPETS para contar histórias...

Acredito que tudo possa ser utilizado , de alguma forma, como ferramenta para aguçar a criatividade dos alunos. Quando eu pensava no mês de março de 2011 em uma forma prática e significante para trabalhar a narrativa de histórias próprias, o uso dos puppets veio a minha mente. Algo simples que levasse os alunos a criar e trabalhar com os textos de forma dinâmica e que desse a chance de expressão para todos, onde não houvesse a distinção entre o mais tímido e o mais atirado, pois todos deveriam se empenhar para dar vida a seu personagem e traçar o rumo da história criada anteriormente com seus grupos.
A atividade foi um sucesso independente da idade dos alunos. Todos curtiram...