terça-feira, 11 de novembro de 2014

APRESENTAÇÕES DE SESSIONS NA IRLANDA em OUT 2014.

MINHA DISSERTAÇÃO COMPLETA NO LINK ABAIXO.

ACESSE: http://www.unicap.br/tede/tde_busca/processaPesquisa.php?pesqExecutada=1&id=661

CAPÍTULO 1, SEÇÃO 4 DA DISSERTAÇÃO - MOBILE LEARNING: aprendizagem com mobilidade.

Não faz tanto tempo assim que uma das coisas mais excitantes que se conseguia fazer com os aparelhos de celular era baixar ringtones ( tons sintetizados ou, nos casos mais sofisticados, clips curtos, substituindo os toques que já vinham com os celulares). Hoje, os aparelhos tipo smartphones, independente da plataforma, são capazes de suportar centenas e centenas de aplicativos. Absurdamente rápido, parece que, da padaria da esquina, do supermercado do bairro até a página do governo federal e instituições financeiras, todas oferecem um app (como são geralmente chamados os applications, aplicativos em português). O fato logo chamou a atenção de pesquisadores. Nos últimos 3 anos, as empresas têm dado muita atenção aos aplicativos e o número de aplicativos pedagógicos tem tomado destaque. No sítio do British Council, os aplicativos têm recebido especial atenção, como se observa na Fig. 21, que mostra um cuidado em oferecer aplicativos aos visitantes. Muitos educadores e especialmente muitos professores de línguas sempre foram desafiados a trazer para as suas aulas o que havia de vanguarda em tecnologia nos vários momentos da história. Sempre foi um desafio lidar com as expectativas geradas em torno das aulas de línguas estrangeiras. Aconteceu assim com os primeiros cassetes, projetores de imagens, slides, vídeo cassete em VHS, CDs, laptops e com eles uma gama de software que podia seguir para dentro da sala de aula. Não seria diferente com os mais recentes PDA’s (personal digital assistants), celulares, smartphones, tablets e toda sorte de ferramentas tecnológicas que possam motivar a aprendizagem, tornando-a mais prazerosa e eficaz. Com o número de atividades que a vida do homem moderno demanda, distâncias e problemas com a mobilidade urbana, o grande desafio está sendo como fazer o aluno aprender e se sentir motivado em momentos que o professor não está por perto, como após as aulas ou entre os intervalos de uma aula e outra na mesma semana. Uma sociedade que é móvel, é cheia de canais para a distribuição de mudanças acontecendo em qualquer parte. Deve ficar atenta ao fato de seus membros serem educados para iniciativas pessoais e para a adaptabilidade. Do contrário, eles serão esmagados pelas mudanças que os pegam e cujos significados ou conexões eles não percebem. (DEWEY, 1959, p. 88) O que se lê sobre o estudo e pesquisa dos usos de aparelhos computacionais sem fio para fins pedagógicos é muito recente. O que não é recente é a idéia de aprender com mobilidade e com certa autonomia. Quando John Dewey escreveu “Democracia e Educação”, o mundo industrializado passava por uma enorme bagunça social e tecnológica. As ferrovias e estradas pavimentadas possibilitavam viagens em massa. A comunicação sem fio havia diminuído a distância entre os dois lados do Oceano Atlântico e uma guerra automatizada estava sendo travada entre continentes. Será que os momentos não são mais próximos do que se pode imaginar? Vive-se um caos, um fervor social e tecnológico sem precedentes. As tecnologias móveis estão dando acesso global à informação e “mobilidade de conhecimento” entre os povos. Há 10 anos, um professor de línguas no Brasil não tinha a facilidade de ter uma conversa em tempo real com um nativo em Londres através do Skype. Há 7 anos, um fazendeiro no interior de Erbil, cidade Curda, não se comunicava com a cidade mais próxima, agora o mesmo carrega consigo um celular. Realmente, vive-se em uma sociedade na qual os canais que possibilitam mudanças, assim como Dewey se referiu, são carregados conosco e fazem parte de nossas vidas. Cada era de tecnologia tem, de certa forma, concebido a educação seguindo a sua própria imagem. Pensando-se por essa perspectiva, existem vários pontos que convergem e ratificam uma idéia muito antiga de Dewey retomada em nossos dias, a ferramenta que modificou o hábito do artesão. A dissociação de jovens e tecnologia. Os aparelhos móveis são como extensões de seus corpos. O culto ao efêmero, como nos remete Levy, constitui característica das gerações hipermodernas. Característica analógica que poderia facilmente ser ratificada pela ferocidade com que a tecnologia é substituída por algo mais novo, aproveitável e descartável. Cada era tecnológica tem sua geração e educação peculiar. Cabe aos estudiosos e pesquisadores da educação procurar a forma mais eficaz de ensinar e aprender ao seu tempo. Algumas teorias pedagógicas pecam no momento de capturar o que é distinto em m-learning. Isso porque são teorias de ensino e se remetem ao ensino tendo a sala de aula como único palco para atuação e na frente um professor muito bem treinado para tal. Qualquer teoria que envolva o m-learning deve pensar o mesmo ocorrendo fora da sala de aula e deve pensar o processo de aprendizagem como uma construção. Por isso, uma teoria deveria responder as seguintes questões: ela dá conta de uma educação formal e informal? Ela analisa o contexto prático da aprendizagem? Ela teoriza a aprendizagem como uma atividade social e construtiva? Em um paradigma behaviorista, a aprendizagem acontece através do reforço a uma associação entre um estímulo em particular e uma resposta, drill e feedback. Os aparelhos móveis podem, em muito, melhorar o processo de aprendizagem. O uso dos aparelhos móveis para apresentar novo vocabulário, conteúdos gramaticais e perguntas são tidos como estímulos. A atitude gerada como resposta ao estímulo é chamada de response. Já o prover um feedback apropriado é chamado de reinforcement. Dar a chance ao aluno para trabalhar com atividades envolvendo tablets e smartphones etc., proporcionar ao aluno o drill e o feedback, favorece a teoria behaviorista em M-Learning. Existem vários outros estudos surgindo a partir da segunda teoria: aprendizagem construtivista em M-Learning, aprendizagem situada, aprendizagem consciente, teoria da aprendizagem sócio-cultural em M-Learning – Open University, aprendizagem colaborativa etc. Todos os estudos são extremamente recentes. Acontecem, primordialmente, na Inglaterra, mas encontram-se espalhados pelo mundo através de projetos, pesquisas e grupos de estudos. Nesta pesquisa, enfocam-se os estudos de dois grandes teóricos de M-Leaning e que muito têm contribuído para o estudo mundial da aprendizagem com mobilidade. As bases de suas pesquisas estão na Universidade de Wolverhampton, com o professor John Traxler, e na Universidade de Londres, com o professor Norbert Pachler. Ambos no Reino Unido. As observações nesta pesquisa, quanto a multimodalidade dos signos nos aplicativos para dispositivos móveis, tenta seguir a linha de estudos dos professores Gunther Kress, bastante citado no capítulo sobre semiótica, e Norbert Pachler. A Fig. 22 mostra atividades com aplicativos. TEXTO CONTINUA...

quinta-feira, 15 de agosto de 2013

Dispositivos, Mídias e Educação: a cibercultura dentro e fora da escola do século XXI.


Dispositivos, Mídias e Educação: a cibercultura dentro e fora da escola do século XXI.
Ênio Tavares

 

                Em uma época de inúmeras mudanças sociais, culturais, econômicas, ideológicas e políticas, a ideia que fazemos de “sociedade do conhecimento” parece modificar-se. Ferreira (2009) apud Demo (2005) sugere uma noção de “sociedade intensiva de conhecimento”. Surgem novas maneiras de pensar, de conviver em sociedade e faz-se necessário entender todo o furor contemporâneo para então ser atuante nela. Neste sentido, Lévy (1999) destaca a impossibilidade de separação do humano de seu ambiente material, pois, “as tecnologias são produto de uma sociedade e de uma cultura.” A quantidade de informações, cada vez mais acelerado, se multiplica e é cada vez mais complicada a tarefa de filtrar tanto conhecimento e informação através do facebook, sítios, redes sociais em geral, programas de comunicação instantânea, blogs e instalgrams são algumas das possibilidades que o avanço da tecnologia tornou possível. Porém, é preciso cuidado ao usar o termo tecnologia, pois é amplo e pode receber inúmeros significados dependendo do contexto. Tecnologia está ligada a alguns conceitos como: artefato, ferramenta, cultura, técnica, conhecimento, trabalho, ciência e outros. Na educação as tecnologias são entendidas como ferramentas pedagógicas que podem auxiliar na prática docente.

              Não é suficiente apenas a disponibilização de aparatos tecnológicos,  é importante entender como utilizá-los a favor da mediação do conhecimento e da informação e também como possibilidade de interação e de colaboração entre integrantes do cotidiano escolar.

              O papel atual da chamada cibercultura, como voz do cotidiano, é marcado pela formação da opinião pública e na elaboração do imaginário, seja no contexto social ou individual. Costella (2002): “Sendo tudo tão rápido nessa evolução, até a palavra que se usa para nomear o mundo novo de pulsações binárias é de criação recente.” Seguindo com o texto, o autor faz alusão ao primeiro momento em que o termo foi citado por William Gibson em 1984. Nascia o termo ciberespaço. Os movimentos, atitudes e cultura dentro desse espaço são chamados de cibercultura. Trabalhando com a palavra enquanto signo ideológico, um texto de apresentação de determinado programa educativo na Web - World Wide Web ("rede de alcance mundial", também conhecida como www) influencia o cotidiano do grupo a que se destina, uma vez que a palavra representa e constrói.

                A palavra discurso origina-se do latim discurrere  que, por sua vez vem do próprio latim currere e significa discorrer, expor, atravessar, algo que flui e, portanto, que sugere movimento contínuo (MOUILLAUD, 1997). Até aproximadamente os anos sessenta do século passado, conhecíamos discurso como sinônimo de mensagem, informação, pronunciação de palavras combinadas em frases. Nesta época, entretanto, surgia na França uma das ciências da linguagem, a Análise do Discurso, como forma transdisciplinar de reflexão dos processos discursivos, analisados à luz da linguística, da psicanálise, da história, com base na filosofia marxista e tendo Michel Pêcheux como fundador da vertente francesa. Para ele, mais do que simples objeto da linguística, os discursos são produtos culturais e ideológicos e sua análise deve se processar sob o ponto de vista dessas determinações. Charaudeau (2003) “Informação, comunicação e meios são as palavras chaves do discurso da modernidade.” O autor mencionava palavras que se tornaram moda no discurso e que provocam a ilusão que carregam em si um poder explicativo. Pêcheux, por sua vez, inspirou-se em Foucault, que definiu discurso como um conjunto de enunciados que provém de um mesmo sistema de formação discursiva (FOUCAULT, 1971).  

                Tais abordagens são complementadas por várias vertentes de análise e diferentes autores, como Mikhail Bakhtin, que tomou da música o termo polifonia, para caracterizar a heterogeneidade dos discursos e o atravessamento de muitas vozes que os compõem, concordantes ou discordantes, mas sempre em dialogismo. Logo, a palavra é entendida como discurso interior, presente em todas as relações entre indivíduos, gerenciando o desenvolvimento social, cultural e político que, em última instância, formam a base ideológica do indivíduo e da sociedade na qual ele se insere (BAKHTIN, 1997). Logo, considerando o mundo em que o homem hipermoderno está inserido, temos um discurso com possibilidade de metamorfose imediata e digitalizado. Lévy (2000) “[...] todas as mensagens se tornam interativas, ganham uma plasticidade e têm uma possibilidade de metamorfose imediata.”

               O homem é um ser tecnológico, em contínua relação de criação e controle. Dentre as várias tecnologias presentes na história da humanidade, as Tecnologias da Informação e Comunicação (TICs) compreendem os recursos tecnológicos que possibilitam a transmissão de informação através de diferentes meios de comunicação, como o jornal (impresso, televisivo e radiofônico), livros, computadores etc. Parte desses recursos inclui meios eletrônicos, surgidos no final do século XX, como o rádio, a televisão, gravador de áudio e vídeo, além de multimídias, redes telemáticas, robótica, entre outros. Entre esses recursos, os celulares, MP3 Players, tablets e laptops têm sido objetos de pesquisas no meio acadêmico pelas possibilidades que oferecem no processo de ensino-aprendizagem. Esses instrumentos fortalecem a aprendizagem com mobilidade.

               É consenso entre os diversos autores pesquisados e atores educacionais a revolução que as novas mídias estão causando na sociedade e a escola, local privilegiado para a construção e reconstrução de saberes que não está alheia a este fenômeno.  Este novo modelo de apropriação e difusão de informações convoca os profissionais da educação a acompanharem este processo de transição entre a mídia impressa e a mídia digital, inclusive através de dispositivos móveis.

                Segundo Moran (2006) “a Internet pode ajudar o professor a preparar melhor a sua aula, a ampliar as formas de lecionar, a modificar o processo de avaliação e de comunicação com o aluno e com os seus colegas”.

               A utilização das TICs por parte dos docentes em sua rotina escolar deve estar amparada em um material de apoio que estimule e o auxilie a apropriar-se das mesmas. Mas esta apropriação não é passível de uma simples leitura. Para que os professores realmente assimilem estes novos conteúdos e saibam como utilizá-los se faz necessária a quebra de antigos paradigmas e a construção de uma nova postura. Características como autocrítica, criatividade, curiosidade, dinamismo, habilidade de lidar com novas conjunturas, estão entre algumas das novas posturas deste educador que busca capacitação para utilizar as TIC em sala de aula. Para Alves & Carli (2009):


a mediação tecnológica, portanto, desafia os educadores a se apropriarem das linguagens e das técnicas de produções midiáticas com a intencionalidade de produzir sentido/significados na interatividade com os educandos.
 
 
 

 


               Nessa perspectiva, mais importante que o professor dominar as técnicas, é estar apto a construir o percurso com os estudantes, que muitas vezes, já se apropriaram das tecnologias.

               Observamos que muito do que dizem sobre os professores, pelo menos, aqueles com os quais mantivemos contato, sobre serem conservadores e relutarem bastante sobre o uso das TICs e em especial o uso dos dispositivos móveis no processo de aprendizagem, pode ser muito mais fruto de representações culturais.

               Como destacado por Demo em seu artigo “Habilidades para o século XXI”, “a internet está nos atropelando de maneira perplexa, já que não damos mais conta minimamente de acompanhar o turbilhão caótico de informações vigente e crescente”.  O educador contemporâneo deve partir da compreensão de que o aluno de hoje necessita desenvolver novas habilidades que vão além do mero uso destas tecnologias e informações. Acima de tudo, ele deve ser um leitor crítico e seleto desses dados, mostrar-se apto a se comunicar e reconstruir os conceitos a que tem acesso.

               Partindo das contribuições já mencionadas se entende que é imperativo refletir sobre os vários enfoques que podem ser dados à formação, além daquele focado na vertente acadêmica, perpassando, assim também, por áreas de desenvolvimento pessoal, onde os contextos abordados se inter-relacionam e se complementam, evidenciando a postura de um sujeito dinâmico frente às exigências atuais e aspirações, principalmente, no campo educacional.

               Diante desse contexto, Graziola Junior (2009) apresenta uma nova modalidade de TIC, as tecnologias da informação móveis e sem fio (TMSF) que consistem em dispositivos computacionais portáteis tais como PDAs, laptops, smartphones, dentre outros, que utilizam redes sem fio.

Para o autor, o mobile learning pode potencializar o processo de ensino-aprendizagem pelo fato de o aluno contar com um dispositivo computacional móvel para execução de tarefas, anotação de ideias, consulta de informações via internet, registro de fotos através de câmeras digitais, gravações e sons. Além disso, poderá prover acesso a conteúdos  em qualquer lugar e a qualquer momento, desenvolver métodos inovadores de ensino e de treinamento  e expandir os limites da sala de aula.                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                              

               Várias teorias têm buscado respostas para esse novo campo educacional, a educação com mobilidade. (SIMENS, 2008) defende que a aprendizagem está fora e dentro do sujeito. Pachler, Bachmair & Cook (2010) propuseram um modelo conceitual para mobile learning, visualizado em termos ecológicos como parte de contextos socioculturais e pedagógicos em transformação. Os autores estabelecem que o processo de aquisição de conhecimento está envolvido a partir de múltiplos contextos.

               Para que possamos entender a importância de uma nova tecnologia digital e apreciar porque tal tecnologia tem um papel representativo em nossas vidas, faz-se necessário entender que tal tecnologia pode ser muito valiosa para reposicionarmos os valores de antigas tecnologias em nossas vidas (LAURILLARD, 2010).

               O aspecto da mobilidade parece um traço curioso no vasto campo da aprendizagem. É definida, inteiramente, por uma característica que a difere das outras tecnologias, ou seja, a mobilidade em si. Uma tecnologia móvel incorpora capacidades digitais já conhecidas por nós e o simples fato dessa capacidade já gera um campo de estudos conhecido como mobile learning.

               O aparecimento dos computadores e, mais recentemente, os dispositivos móveis agiram, sem dúvida, como um divisor de águas que revolucionou a vida do homem, pois trouxe muitas facilidades, bem como automatizou as nossas atividades em todas as áreas do saber. Com o computador, tudo ficou mais prático, veloz e preciso. Novas áreas surgiram, bem como, obrigou as pessoas a se especializarem; ampliando, inclusive, o leque de profissões. Há vinte ou trinta anos atrás, seria improvável pensarmos em um analista de redes sociais, gerente de e-commerce, especialista em ferramentas de inovação, nano técnico, desenvolvedor de Apps etc.

 

Nossos jovens e o ambiente escolar


Nossos jovens e o ambiente escolar

 

                Ao vivenciarmos as novas formas de mobilidade, lazer, interatividade e aprendizagem mediadas por tecnologias digitais, questionamos se esta escola, tanto no que se refere ao que ensina como à forma como ensina, está adequada aos tempos atuais, ou se está muito aquém do mundo no qual o jovem e a escola estão inseridos (OWEN, GRANT, SAYERS & FACER, 2006).

Pensemos como há mais de um século buscávamos e adquiríamos conhecimento, informações e lazer. As pessoas liam folhetins, jornais, deslocavam-se às salas de concerto ou de espetáculos para terem acesso a tudo isso.  As transmissões de rádio e televisão, assim como as gravações de discos e posteriormente a introdução de alguns aparelhos em nossos lares: vídeo cassetes, CDs, DVDs etc. trouxeram o entretenimento de massas para dentro de cada casa. Nos últimos anos, a Internet causou uma segunda revolução, permitindo que as pessoas criassem o seu próprio entretenimento através de software e aplicativos. As pessoas criam seus vídeos e postam. A informação agora pode ser posta à discussão em fóruns abertos, os conteúdos são colocados ao mundo. Nunca nossas vidas foram tão observadas e monitoradas. Há um século, as crianças vestiam seus uniformes e seguiam às escolas para participarem de aulas formais em um ambiente formal onde sentavam umas atrás das outras em fileiras e recebiam instrução de um professor que exigia silencia para que houvesse um processo de aprendizagem conveniente e eficaz. Hoje. Interessante! Hoje, ainda fazem o mesmo!

                  Devemos nos questionar quais as razões que levam as escolas a se manterem no século anterior e o porquê da educação ser assim tão resistente à mudança. As tecnologias móveis e sem fios vêm transformando o conceito de aprendizagem ao mudarem o modo de aprender e pesquisar. Knight (2005) As competências de que necessitamos atualmente estão relacionadas com o ser capaz de distinguir fontes de informação fidedignas das que não têm credibilidade. O fato de estar cercado por conhecimento e informações não quer dizer que tudo que vemos, lemos e interpretamos é realmente aquilo que se propõe a informar ou ensinar. Saber filtrar seria uma capacidade de suma importância no século XXI. Ferreira (2009) “assim como filtrar, resumir e analisar criticamente diferentes fontes de informação.” Shuler ( 2009) “Hoje em dia já se fala de um letramento com mobilidade no sentido da necessidade de desenvolvimento de competências voltadas ao móvel”.  Como os usuários farão a gestão da ubiquidade e pervasividade diante dos seus dispositivos móveis.  Não podemos negar que o uso de tantos aparelhos móveis facilitam uma gama de habilidades digitais essências para o desenvolvimento de competências digitais e tecnológicas que incorporam tarefas colaborativas vitais na sociedade contemporânea que se caracteriza pela globalização e midiatização (FERREIRA, 2009). Contudo, chegamos sempre ao mesmo denominador, uma vez que pesquisas e literatura disponíveis nos apontam que a prática escolar ainda não favorece a obtenção e desenvolvimento das tais competências digitais e tecnológicas. A escola ainda não oferece respostas adequadas aos desafios colocados pelas práticas digitais criativas e pelas competências de comunicação que têm sido desenvolvidas pelos jovens no dia-a-dia. Estas práticas permitem um grau de personalização muito maior do que as experiências de aprendizagem em contexto escolar (FERREIRA apud GREEN, FACER, RUDD, DILON & HUMPHREYS, 2005).

              Em outro momento do texto, dialogávamos sobre como as práticas de muitos jovens difere da realidade escolar. Parece que algumas instituições ingenuamente não se deram conta do perigo que correm separando e distanciando o cotidiano dos alunos da realidade da vivência e rotina dos mesmos na escola. Drotner (2008) “Como é que as práticas e experiências digitais dos jovens influenciam as suas atitudes relativamente à aprendizagem e práticas educacionais?” Muito interessante o diálogo que o autor propõe em relação às práticas dos jovens e das escolas. Quais são os momentos de conflito. Se há e o porquê de tais conflitos. Como está a situação das atividades, do suporte de aprendizagem que a escola oferece e a reação dos discentes. Até que ponto as práticas devem ser adequadas aos jovens? Dialogando com o autor sobre a importância dessa aproximação e o papel das tecnologias e mídias em relação às pessoas, eu escrevi:

 
“É importante ressaltar suas interações perceptivas, emocionais, cognitivas e comunicativas com as pessoas. Além disso, ela apresenta uma lógica e uma linguagem bem singular. É conveniente apontar que as mídias interferem em nossa forma de pensar, agir, em nossos relacionamentos e ainda adquirimos conhecimento. As TIC são vistas como complementos, companhias, como continuação de espaço de vida.”    ( BARROS, LUIGI e TAVARES , 2011)    
 

 

 

 

quinta-feira, 22 de março de 2012

A EDUCAÇÃO NA OBRA DE JOHN LOCKE

Resumo
O texto apresenta, de forma simples, a caracterização do momento histórico e da vida do filósofo inglês John Locke, considerado um homem de seu tempo, engajado sempre com problemas contemporâneos ao seu momento histórico. O texto faz um recorte histórico acerca do modo como o pensamento revolucionário e ideias liberais lockianas influenciaram o mundo do conhecimento, da política e, especialmente para nós, a educação. Por isso, o trabalho enfatiza a sua abordagem relativa às questões da educação do chamado gentleman e sua preparação para o novo momento que se instaurava na Inglaterra após a Revolução Gloriosa em 1688. Ele compilou uma série de preceitos sobre aprendizado e desenvolvimento, com base em sua experiência de médico e preceptor, que teve grande repercussão nas classes emergentes de seu tempo.



Palavras-chave: John Locke. Empirismo. Educação.


Abstract
The text shows, in very simple words, the characterization of the historical moment and life of the English philosopher John Locke, who was considered a contemporary man. A man who was always engaged to the events of his time. The text develops a line about the way the revolutionary thoughts and lockian ideas influenced the world of knowledge, politics, and specially for us, the education. That is the reason why this paper emphasizes the approach towards the educational matters concerning to what was called gentleman and his preparation to the new moment he was supposed to face in England after Glorious Revolution in 1688. He compiled his ideas and beliefs in learning and development based on his own experience as a physician and tutor, which let into a huge repercussion among the emergent societies of his time.



O Momento Histórico

Encontramos no início do século XVI, a real situação econômica da Inglaterra bastante próspera, por causa da política mercantilista, comércio de manufaturas, como também, a pirataria apoiada pelo trono inglês. Essa atmosfera termina por fortalecer e enriquecer a burguesia, que passa a fortalecer-se também em outras partes da Europa e a exercer forte influência em todo o território, sendo assim, o absolutismo dos Tudor era voltado para os interesses burgueses. Este forte laço de interesses entre a Coroa e os comerciantes acontecia devido a algumas concessões da Coroa, como o monopólio do comércio. Por outro lado, os burgueses acabavam retribuindo esta concessão com o apoio financeiro e político às decisões da coroa. Os Tudor mantinham a sua hegemonia com aparências de governo popular e quando intencionados a tomar uma decisão recorriam à formalidade para obter a aprovação parlamentar. Temos então, um período no qual o poder político era exercido pela Coroa. Era o auge do absolutismo na Inglaterra. Em 1603, com a morte de Elizabeth I, termina o período da dinastia Tudor, possibilitando um novo período na política e na economia inglesas.
No século XVII, o cenário muda, pois a burguesia, cada vez mais fortalecida, questionara os poderes reais. A partir de uma reformulação na economia e no comércio, surge uma “Nova Burguesia”, dedicada ao setor manufatureiro, em contraposição ao mercantilismo. Existe uma razão para essa mudança de interesses – o crescimento em números da burguesia, impossibilitando que a monarquia garantisse os privilégios e interesses do comércio exterior para todos, mas apenas de uma minoria cada vez mais privilegiada, provocando o descontentamento e a mudança de interesses, iniciando assim uma série de conflitos em série entre os burgueses representados pelo parlamento e a autoridade da coroa inglesa. Outro aspecto que não pode ser esquecido neste período histórico diz respeito às religiões e seus interesses na economia e na política. Todos tentavam utilizar a religião como veículo de divulgação e expressão dos seus interesses. A Igreja Anglicana, originária da elite da nobreza e dos setores mais ligados à coroa britânica, era predominante no poder, tomando partido dos interesses absolutistas que a beneficiava. Por outro lado, os católicos, que também tinham suas origens na nobreza feudal, apesar de não compactuar com a centralização dos poderes apenas na realeza, defendiam o absolutismo, com medo de perderem certos favores e direitos adquiridos com os privilégios feudais. Os calvinistas, mesmo se dividindo em dois grupos – os presbiterianos e os puritanos, que eram de origem burguesa –,faziam oposição ao absolutismo. A partir das mudanças econômicas e políticas ocorridas na Inglaterra no início do século, o absolutismo inicia uma crise; por conseguinte, a disputa dos interesses em jogo atinge também o parlamento inglês.
Como já é sabido, Locke vem de uma família de burgueses comerciantes e é influenciado pelas ideias revolucionárias da época e, especialmente, as ideias do pai. A situação na Inglaterra era bastante conturbada por causa da política de imposição de interesses religiosos adotada por Carlos I. Logo, no ano de 1640, começa uma guerra civil na Inglaterra, motivada pela tentativa de Carlos I em dissolver o Parlamento Inglês. Ao lado de Carlos I, ficaram os católicos e anglicanos, formando o exercito monarquista, ou dos “cavaleiros”. O exército das forças contrárias aos cavaleiros era chamado de “cabeças redondas”, defensores do parlamento, formado por presbiterianos e puritanos das camadas mais humildes. Seguiram sete anos de luta, os “cabeças redondas” venceram. Logo após, julgaram e executaram o monarca Carlos I, suprimiram a monarquia e proclamaram a República na Inglaterra, a chamada Commonwealth. O pai de Locke havia adotado a causa dos puritanos e tinha se alistado no exército do Parlamento, saindo vencedor na guerra.



O Homem John Locke

Nasceu em Wrington, no sudoeste da Inglaterra em uma aldeia no ano de 1632. Ele era filho de burgueses e pequenos proprietários de terras. Foi um verdadeiro artesão do pensamento político liberal que não apreciava a matemática. Estudou na escola de Westminster e aos 20 anos entra em Oxford, que seria sua casa por mais de 30 anos. Lá direcionou os estudos para as ciências naturais e a medicina, porém os estudos tradicionais da universidade não o satisfaziam, mas aplicou-se. Não gostou da filosofia ensinada em Oxford. Mais tarde, julgou como patética a filosofia Aristotélica. Foi admitido na Sociedade Real de Londres - a academia científica no ano de 1668, para estudar medicina. Graduou-se seis anos depois, entretanto sem o título de doutor. Um fato interessante na vida de Locke aconteceu dois anos antes, pois em 1666, quando o lorde Anthony Ashley-Cooper, futuro conde de Shaftesbury, precisou de cuidados médicos, foi atendido por John Locke. No ano seguinte, mostrando que não havia esquecido o estudante que o atendera, Anthony tornou Locke seu conselheiro para questões de saúde, política e economia. Por influência de Ashley, Locke ajudou a elaborar a Constituição do estado norte americano da Carolina. Depois de uma temporada na França, o filósofo foi chamado por Ashley a assumir um cargo de conselheiro no governo do rei Carlos II. Uma reviravolta política afastou ambos do poder. Com medo da perseguição que sofria, Locke fugiu para a Holanda apenas retornando para a Inglaterra em 1688, após o restabelecimento do protestantismo. Com a subida ao poder do rei William III de Orange, Locke foi nomeado ministro do Comércio, em 1696. Ficou neste cargo até 1700, onde precisou sair por motivo de doença. Em seus últimos anos, viveu no campo, perto de Oates, e foi mentor intelectual do Partido Liberal. Locke nunca se casou, ou mesmo, teve filhos. Morreu praticamente só aos 72 anos em 1704 de causas naturais.


Um Filósofo Empirista

Locke encontra-se entre os filósofos empiristas, desta forma chamados pelo fato de abrirem espaço para a ciência junto à filosofia, considerando a experiência como fonte de conhecimento. Destaca-se pela sua teoria das ideias e também pela luta em defesa da legitimidade da propriedade, parte integrante da sua teoria social e política. Para Locke, o direito de propriedade é a base da liberdade humana. Para ele todo homem tem uma propriedade que é sua própria pessoa. O governo existe para proteger esse direito do homem a existir.

O filósofo inglês era atraído pelos tópicos tradicionais da filosofia: o eu, o mundo, Deus e as bases do conhecimento. Foi contemporâneo de Thomas Hobbes, porém, diferente deste, era liberal e com convicções parlamentaristas. Locke começava assim a colocar em prática sua filosofia política. Suas ideias que constituíram a democracia liberal e que teriam forte influência nas décadas seguintes. Muitas delas estão presentes nas constituições dos Estados Unidos e do Reino Unido, e durante muito tempo na constituição francesa. Esses pensamentos fizeram a base de sua obra-prima, o Ensaio sobre o entendimento humano. Locke também foi contemporâneo de cientistas, como Galileu Galilei e Isaac Newton, de quem se tornou amigo e chegou a trocar várias cartas, nas quais conversavam sobre os astros e ideias religiosas. O pensamento de Locke reflete a revolução em andamento na ciência naqueles anos. O pensamento liberal de Locke se mostraria ainda mais ousado com a publicação em 1689 da obra Dois tratados sobre o governo civil. Nela, o pensador mostra como o consentimento voluntário do povo é o único fundamento da autoridade de um governo. Para o filósofo qualquer um, mesmo uma autoridade, que excedesse o poder a ele conferido pela lei e que fizesse uso da força para tomar ou invadir, poderia ser ferido pelo outro e mesmo ser morto como qualquer homem que mediante força viole o direito de outro. Para Locke, o governo deveria agir somente com o objetivo de proteger a vida, a liberdade e a propriedade.
Como eu já citei algumas linhas acima foi enorme a influência da obra de Locke e suas tão famosas teses, estão na base das democracias liberais. No século XVIII, os iluministas franceses foram buscar em suas obras as principais ideias responsáveis pela Revolução Francesa. Montesquieu (1689-1775) inspirou-se em Locke para formular a teoria da separação dos três poderes. A mesma influencia encontra-se nos pensadores americanos que colaboraram para a declaração da independência americana em 1776.



Sobre a linha do desenvolvimento do empirismo, Locke representa um progresso em confronto com os seus precedentes: no sentido de que as ideias dos mesmos se limitavam a nos oferecer, filosoficamente, uma teoria do conhecimento, mesmo considerando a metafísica tradicional, e do senso comum no que diz respeito a Deus, à alma, à moral e à religião. Com relação à religião natural, não muito diferente do deísmo abstrato da época, porquanto é baseada na razão. John Locke defende a tolerância e o respeito às religiões particulares, históricas e positivas.
Nas suas viagens pela França, o filósofo ampliou o seu horizonte cultural, assim como, teve contato com movimentos filosóficos diversos, em especial com o racionalismo. Tornou-se mais consciente do seu empirismo, que procurou completar com elementos racionalistas. As suas obras filosóficas mais notáveis são: o Tratado do Governo Civil (1689); o Ensaio sobre o Intelecto Humano (1690); os Pensamentos sobre a Educação (1693). Os dois últimos marcam as reflexões contidas neste texto.


Origem das ideias

Como a proposta do meu texto é refletir sobre os aspectos educacionais na obra de Locke e inseri-lo dentro dos acontecimentos históricos do seu tempo, não discorrerei aqui sobre os tipos de ideias de sensação e reflexão, nem tão pouco, irei, em tão breves e imaturos pensamentos, tentar discorrer sobre a classificação estrutural das ideias para Locke.
Pontuo que a maior preocupação de Locke em sua teoria do conhecimento foi combater a doutrina disseminada por Descartes - da existência de ideias inatas na mente do homem. Para o pensador John Locke, a mente humana era como uma folha de papel em branco que receberia impressões através dos sentidos a partir das experiências do indivíduo, sem trazer consigo do nascimento, quaisquer ideias tais como a de "extensão", de "perfeição", da “verdade” e outras, como pretendia Descartes. Para o nosso filósofo em questão, todas as ideias vêm ou da experiência de sensação ou da experiência de reflexão. A mente capta e traduz o mundo exterior.
Na educação, compilou uma série de preceitos sobre aprendizado e desenvolvimento, com base em sua experiência de médico e tutor, que teve grande repercussão nas classes emergentes de seu tempo.


Fins práticos para a educação

Frases de John Locke a respeito da educação:

"Os homens são bons ou maus, úteis ou inúteis, graças a sua educação". "Um espírito são em um corpo são é uma descrição breve, porém completa, de um estado feliz neste mundo".

Locke defendia o ponto de vista de que a educação devia ter fins práticos, de preparar o indivíduo para a vida, e não para ser um intelectual de vida acadêmica. Suas obras Thoughts concerning Education ("Pensamentos sobre a Educação") e Conduct of the Understanding ("Condução do Conhecimento") são muito recomendadas quando se trata da história da filosofia educacional. Nos livros, Locke enfatizou o valor da experiência no desenvolvimento da mente, todavia, ele desconsidera, de forma extremista, as diferenças genéticas.
Por esse motivo que para Locke o aprendizado depende das informações e experiências às quais a criança vivencia e que ela absorve de modo natural. Entendemos então, que é um aprendizado de fora para dentro, muito diferente do que defenderam alguns pensadores de linha idealista, como o suíço Jean-Jacques Rousseau (1712-1778) e Johann Heinrich Pestalozzi (1746-1827), como também para um vasto número de teóricos da educação, como por exemplo, os de concepção construtivista para os quais o conhecimento institui-se com base na relação entre sujeito e objeto, enquanto a visão lockiana enfatiza apenas o objeto. Embora considerasse que a origem de todas as ideias estava fora do indivíduo, Locke via a capacidade de entendimento como inata e variável de pessoa para pessoa.
O Ensaio sobre o Entendimento Humano tem como fundamentos iniciais a negação da existência de ideias inatas – confrontando o legado do filósofo mais influente do período, o francês René Descartes (1596-1650) e o princípio de que todas as ideias nascem da experiência, em outras palavras, o empirismo. A educação adquiria, desta forma, importância incontornável na formação da criança, uma vez que, sozinha, ela se encontra desprovida de matéria-prima para o raciocínio e sem orientação para adquirir essa experiência, estando fadada ao egocentrismo e à ignorância moral. Apesar do valor que dava à racionalidade, Locke era cético quanto a atingir a compreensão da mente. O objetivo de sua obra principal foi tentar determinar quais são os mecanismos e os limites da capacidade de apreensão do mundo pelo homem.

Sobre a formação do tal cavalheiro

No livro Alguns Pensamentos Referentes à Educação, Locke fala da facilidade de moldar a alma de uma criança e levá-las numa ou noutra direção, como fazemos com a água. Formar um aluno, sob o aspecto intelectual ou moral, seria exclusivamente um resultado do trabalho das pessoas que os educam - pais e tutores, para quem caberia acima de tudo, dar o exemplo de como pensar e agir, treinando a criança para se comportar de maneira adequada. O aprendizado deveria ser feito por meio de atividades. A ideia era que a criança, pelo hábito, inferisse o que está fazendo. Para Locke, a educação ideal seria promovida em casa, por um mentor, papel que ele próprio desempenhou para os filhos de alguns amigos. Locke tinha em mente o homem burguês, aqueles que seriam os futuros governantes. A conduta e a ética do gentleman, incluindo as boas maneiras exerciam papel de destaque na educação. A saúde e a disciplina do corpo também ganharam bastante atenção porque Locke ensinava certo endurecimento físico visando à disciplina.

Conclusão

Locke acreditava que as crianças vêm ao mundo sem nenhum conhecimento, mas já trazendo inclinações e principalmente um temperamento. O mestre, que em nossos dias é chamado educador, deveria observar as características emocionais do aluno para submetê-lo a diferentes técnicas de aprendizado. Mesmo que as concepções de conhecimento do filósofo estejam parcialmente ultrapassadas, essa é uma recomendação que ainda pode ser levada em conta.
Observamos em especial nas duas obras Alguns Pensamentos Referentes à Educação, como também, O Ensaio sobre o Entendimento Humano que John Locke deixa clara a necessidade de um modelo educacional voltado para a defesa das ideias e dos interesses da classe social a qual estava inserido – a burguesia. Uma classe que havia enfrentado desde os séculos XVI e XVII conflitos e revoluções em função da defesa de um objetivo – sua consolidação de poder junto à coroa inglesa. E este novo momento acaba sendo institucionalizado a partir da Revolução Gloriosa de 1688, que garantiu a substituição do absolutismo pela monarquia, a qual a monarquia ficava submetida ao parlamento.
A ascensão da burguesia demandava uma forma de educação diferenciada, em que os indivíduos recebessem uma devida preparação para que pudessem atuar facilmente em sociedade com o interesse de continuar levando adiante os desejos, necessidades e os ideais de sua classe. contudo, conseguiriam alcançar seus objetivos apenas se tivessem uma boa constituição física e moral, sendo assim explicada a preocupação de Locke com o processo educacional abrangente, que passava uma preocupação ímpar com cuidados com a saúde, alimentação, vestuário, hábitos, higiene, equilíbrio da mente, cuidado com a formação moral, influências, exemplos e, principalmente, o processo de disciplinamento. Somente uma preparação assim ampla garantiria o comportamento proveitoso do indivíduo na sociedade, garantindo o jogo de interesses entre monarquia e burguesia europeias.























Bibliografia


BURNS, Edward Mac Nall, LERNER, Robert E., MEACHAM, Standish. O absolutismo. In: História da Civilização Ocidental: do homem das cavernas as naves espaciais. 30.ed. Rio de Janeiro. Globo, 1989.

LOCKE, J. Ensaios acerca do Entendimento Humano (1960). In: Os Pensadores. São Paulo: Editora Abril Cultural, 1979.

LOCKE, J. Introdução Histórica à Filosofia da Ciência, São Paulo: Editora da
Universidade de São Paulo, 1979.
LOCKE, J. Alguns Pensamentos sobre da Educação, São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 1978.

Um Relato de Experiência no SENAC-PE

MOBILE LEARNING EM CURSOS LIVRES: um relato de experiência em um curso de idiomas
*Roberta Luigi é especialista em Língua Inglesa pela FAFIRE e graduada em Letras pela mesma instituição.
**Ênio L.C. Tavares é mestrando em Ciências da Linguagem pela UNICAP. Especialista em Lingua e Literatura Inglesa(FAINTVISA) e Psicopedagogia(FCMSP) e graduado em Letras pela UNICAP.

Resumo
O presente artigo tem o objetivo de apresentar um relato de experiência referente ao uso de celulares em aulas de língua estrangeira. A atividade foi promovida com turmas do nível pré-intermediário, dispostas em grupo, utilizando como recurso didático o livro e o celular com a função gravar. Como resultados, percebe-se que os alunos passam a interagir mais com o objeto em questão, aprendizagem de língua inglesa, e além disso reforça a importância do trabalho colaborativo na turma. Foi verificado ainda o desenvolvimento de competências relacionadas com aprendizagem de uma segunda língua.


Introdução

Nos últimos anos, o papel das tecnologias em nossas vidas tem gerado muitas discussões. Tecnologia é produto da ação humana, está inserida em todo lugar, fazendo parte das nossas vidas. Nossas ações cotidianas são realizáveis graças às tecnologias descobertas e utilizadas pelos povos durante toda a história da humanidade. As palavras “técnica” e “tecnologia” têm a mesma raiz, vindo do verbo grego “tictein”, que significa: criar, produzir, conceber, dar à luz. A técnica não compreende apenas as matérias primas, as ferramentas, as máquinas e os produtos, mas também o produtor, o sujeito altamente qualificado do qual se origina o resto. Sendo assim, tecnologia se entende como o uso do conhecimento científico para especificar modos de fazer as coisas de maneira reproduzível. Compreende um conjunto de ferramentas empregadas num processo de produção. O próprio homem é um ser tecnológico, em contínua relação de criação e de controle com a natureza. Dentre as várias tecnologias presentes na história da humanidade, as Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC) compreendem os recursos tecnológicos que possibilitam a transmissão de informação através de diferentes meios de comunicação, como o jornalismo (impresso, televisivo e radiofônico), livros, computadores, etc. Parte desses recursos inclui meios eletrônicos, surgidos no final do século XX, como o rádio, a televisão, gravador de áudio e vídeo, além de multimídias, redes telemáticas, robótica, entre outros. Entre esses recursos, os celulares, MP3 Players, PDAs e Notebooks têm sido objetos de várias pesquisas no meio acadêmico pelas possibilidades que oferecem no processo de ensino-aprendizagem. Esses instrumentos fortalecem o “mobile learning” que compreende a possibilidade de aprendizagem com mobilidade. Essas atividades são amparadas pelo projeto de pesquisa desenvolvido na Faculdade Senac Pernambuco através do Programa de Iniciação Científica e do Senac, através do Centro de Idiomas que analisa as influências das tecnologias da informação e comunicação no processo de ensino aprendizagem, tendo como foco a utilização do Mobile Learning. O presente artigo tem o objetivo de apresentar um relato de experiência referente ao uso de celulares em aulas de língua estrangeira.



Referencial Teórico

Tecnologias da Informação e Comunicação no Processo de Ensino Aprendizagem

As TICs, através de seus inúmeros suportes midiáticos como o jornal, a televisão e o rádio promovem o acesso e a veiculação das informações a todas as formas de ação comunicativa, em todas as partes do mundo. Hoje não podemos ver mais as mídias como um simples suporte tecnológico. É importante ressaltar suas interações perceptivas, emocionais, cognitivas e comunicativas com as pessoas. Além disso, ela apresenta uma lógica e uma linguagem bem singular. É conveniente apontar que as mídias interferem em nossa forma de pensar, agir, em nossos relacionamentos e ainda adquirimos conhecimento. As TIC são vistas como complementos, companhias, como continuação de espaço de vida. Sendo assim, as pessoas se comunicam, adquirem informações e mudam seus comportamentos. Com a propagação acelerada das TIC, a informação não mais é objetivo exclusivo da educação. Hoje, as informações transformam-se em parte integrante da cultura mundial. Com isso, altera o modelo educacional que dota o aluno de um saber acumulado (KENSKI, 2003).
As TICs transformam o conceito de conhecimento porque a aquisição de competências torna-se um processo múltiplo e contínuo, tanto em suas fontes, como em suas formas e vias de acesso. Porém as novas tecnologias redefinem as velhas, oferecendo às mesmas novas finalidades. Elas promovem alterações nas relações de poder porque ampliam os locais e os tempos de buscas de saberes e competências. O processo atual não é mais plano, linear e unidimensional, mas sim, disponível em rede, tendo a Internet como a mais preferencial e ampla. As TIC são auxiliares no processo de ensino-aprendizagem, interagindo e integrando professores e alunos em espaços de interação e virtualidade. Nesse aspecto, amplia-se a sala de aula através de conexões que se estendem ao longo do processo (OLIVEIRA, 2003).
As instituições de ensino superior, na situação atual, perderam o papel exclusivo na transmissão e distribuição do conhecimento. Os inúmeros meios tecnológicos colocam de forma atrativa e variada as informações. Os usos das TIC devem estar vinculados às concepções que os alunos têm sobre esses recursos na medida em que possibilitam a elaboração, o desenvolvimento e a avaliação de práticas pedagógicas que promovam uma abordagem reflexiva sobre os conhecimentos e os usos tecnológicos (LIGUORI, 1997).
Não podemos enfatizar e criar uma solução e um modelo universal em relação ao melhor procedimento para o ensino. É importante ressaltar que as aulas presenciais permitem discussão em sala de aula, elaboração de questionamentos através da interação e troca de experiência. Entretanto, a possibilidade de termos alunos em espaços geográficos diferentes interferindo em tempos diferentes, define uma grande vantagem para o ensino mediado por tecnologias.

Mobile Learning

Diante de todo esse contexto, Graziola Júnior (2009) apresenta uma nova modalidade de TICs, as tecnologias da informação móveis e sem fio (TMSF) que consistem em dispositivos computacionais portáteis tais como PDAs, Palmtops, Laptops, Smartphones, dentre outros que utilizam redes sem fio.
Para Marçal et al (2005) apud Graziola Júnior (2009), o mobile learning pode potencializar o processo de ensino-aprendizagem pelo fato do aluno contar com um dispositivo computacional móvel para execução de tarefas, anotação de idéias, consulta de informações via Internet, registro de fotos através de câmeras digitais, gravações e sons e etc. Além disso, poderá prover acesso a conteúdos em qualquer lugar e a qualquer momento, desenvolvimento de métodos inovadores de ensino e de treinamento e expandir os limites internos e externos da sala de aula.
Várias teorias têm buscado respostas para esse novo campo educacional, o Mobile Learning. Quando pensamos em teoria da aprendizagem, três abordagens têm despertado interesse de pesquisadores há muito tempo: Behaviorismo, Cognitivismo e o Construtivismo. Dentre essas, o construtivismo tem exercido uma forte influência em nossa sociedade.
Siemens (2008) defende que a aprendizagem está fora e dentro do sujeito. O autor defende o Conectivismo que considera que o conhecimento está literalmente distribuído através de conexões.
Pachler, Bachmair e Cook (2010) propuseram um modelo conceitual para Mobile Learning visualizado em termos ecológicos como parte de contextos sócio-culturais e pedagógicos em transformação. Os autores estabelecem que o processo de aquisição de conhecimento está envolvido a partir de múltiplos contextos. A proposta é desenhada em três aspectos:
Figura 1: Componentes chaves da Teoria Ecológica Sócio-cultural


Explicitando o eixo Agente, percebe-se nos jovens novos hábitos de aprendizagem, onde o ambiente se apresenta com um grande potencial para desenvolvimento. Apresenta o usuário capaz de agir com autonomia no mundo. Em relação as práticas culturais, a interação social, a comunicação e o compartilhamento tem sido bem significativo, tanto dentro como fora do espaço escolar. As estruturas apresentam as novas estratificações sociais, a massificação da comunicação e o novo currículo educacional que provoca novas possibilidades de aquisição de conhecimento.
As tecnologias móveis, também denominadas Tecnologias da Informação e Comunicação Móveis e sem Fio (TIMS), aparecem no Brasil como instrumento direcionado para o campo dos negócios. Pesquisas iniciais demonstram que há indícios de aplicabilidade na área acadêmica, não chegando necessariamente nas escolas e universidades.

Ensino de Língua Estrangeira

Em um mundo globalizado em que vivemos é comum ver palavras diferentes do nosso idioma seja em Inglês, Francês, Espanhol no nosso dia a dia. Nós que interagimos não só com pessoas de nosso país, estamos sentindo a necessidade de aprender um outro idioma para que possamos ser incluído nesse contexto globalizado e o inglês tem se apresentado como destaque absoluto nesse contexto. É muito comum sairmos nas ruas ou falarmos com alguém e ouvir ou ver palavras em inglês. É nesse contexto simples de palavras soltas que nos faz aguçar a curiosidade (principalmente dos adolescentes) e entrar no universo da sala de aula. Adultos já procuram a sala de aula não só na finalidade de saber as palavras mais simples do uso diário como Internet, Disk Jokey,Vip, Sandwich, entre outras. A necessidade vai além dessas questões, como melhorar o currículo para interagir melhor no mundo competitivo, ser aprovado em concursos públicos, além do uso de um outro idioma no mercado de trabalho.
Precisamos aprender criar e interagir. E onde isso tudo acontece? No mundo mágico da sala de aula onde criamos, trocamos, aprendemos e desaprendemos também para construir melhor, porém quando falamos em sala de aula não precisamos pensar em formalidades como bancas em fila, livros e materiais formais mas pensamos em um lugar onde alunos possam escolher seus lugares, professores possam trazer conteúdos modernos que façam os alunos sentirem entusiasmo.
Segundo Vygotsky (1989, p. 70), a sala de aula é um processo interativo onde possa haver comunicação.
Quando nos referimos ao valor das interações em sala de aula, é importante pensarmos que este referencial não compactua com a idéia de classes socialmente homogêneas, onde uma determinada classe social organiza o sistema educacional de forma a reproduzir seu domínio social e sua visão de mundo. Também não aceitamos a idéia de sala de aula arrumada, onde todos devem ouvir uma só pessoa transmitindo informações que são acumuladas nos cadernos dos alunos de forma a reproduzir em determinado saber eleito como importante e fundamental para a vida de todos.
O autor ainda afirma que quando imaginamos uma sala de aula como um processo de interação, estamos acreditando que todos terão possibilidade de falar, levantar suas hipóteses e nas negociações, chegar a conclusões que ajudem o aluno a se perceber parte de um processo dinâmico de construção.

Metodologia /Resultados
A professora dividiu a turma em quatro grupos, cada um com até 4 alunos. Os grupos foram distribuídos em locais diferentes para não provocar interferências. Cada grupo utilizou um celular com a função gravar.


Figura 2: Alunos interagindo em grupo
(figura retirada)

Os alunos construíram uma estória baseada nas perguntas definidas pelo livro didático adotado em sala de aula. Os alunos, em grupo, leram as perguntas e aproveitaram para checar com o professor dúvidas sobre o vocabulário.

Figura 3: Livro didático X Celular
(figura retirada)

A partir das perguntas do livro, cada grupo construiu uma estória explorando a oralidade e o recurso gravar do celular. Durante a criação da estória o professor apoiou os grupos auxiliando em qualquer tipo de duvidas seja ela de gramática ou vocabulário. Quando as estórias foram concluídas, cada grupo escolheu um representante para gravar no dispositivo a estória finalizada.

Concluída essa etapa, os celulares com as histórias gravadas são trocados entre os grupos de forma aleatória de modo que cada grupo fique com um celular diferente. O grupo ouve a estória criada pelo outro e responde as perguntas que estão no livro ( as mesmas que foram usadas por eles para formar a estória). Quando todos os grupos responderam as perguntas, o professor checou com os grupos de maneira que todos da sala tenham conhecimento das estórias dos outros grupos.

Figura 4: Professora finalizando a atividade
(figura retirada)

Após cada estória narrada o professor perguntou ao grupo que a estória que foi ouvida estava na integra havendo alguma omissão de fatos o grupo da estória original pode corrigir.


Considerações Finais

É nesse universo que o entusiasmo cresce e os conhecimentos de uma nova língua surgiram. Mas como motivar nossos alunos que muitas vezes chegam casados de uma jornada longa de trabalho, faculdade e seus problemas particulares?Agora que entra em Ação é o professor com sua vasta experiência e entusiasmos. Com tantas ferramentas e saber podemos fazer de nossas aulas algo que motive os alunos e que os mesmos aprendam com prazer pois tudo torna-se mais fácil. Então o que podemos trazer de novo para quem está aprendendo? Em um mundo tecnológico tudo se torna mais fácil mais podemos indagar: tecnologia não custa caro?Porem o que precisamos é acessível aos alunos. Um simples celular pode trazer uma aula bastante dinâmica,música,filmes em pequenos trechos para abordar tópico gramatical ou algum tema relacionado a sala de aula ou ao cotidiano dos alunos,jogos interativos que todos possam participar em grupo estimulando assim o coletivo(que ajuda bastante no aprendizado porém bem direcionado para não haver divergências)


Referências

KENSKI, Vani Moreira. Tecnologias e ensino presencial e a distância. Campinas, SP: Papirus, 2003. ( Série Prática Pedagógica).

GRAZIOLA JUNIOR, Paulo Gaspar. Aprendizagem com Mobildiade (M-Learning) nos processos de ensino e aprendizagem: reflexões e possibilidades, 2009. Disponível em: < http://www.cinted.ufrgs.br/renote/jul2009/artigos/9a_paulo.pdf>. Acesso em: 10 set.2009.

LIGUORI, Laura M. “ As Novas Tecnologias da Informação e da Comunicação no Campo dos Velhos Problemas e Desafios Educacionais”. In: Litwin, Edith. Tecnologia educacional: política, histórias e propostas. – Porto Alegre: Artes Médicas, 1997.

PACHLER, Norbert; BACHMAIR, Ben; COOK, John. Mobile Learning: Structures, Agency, Practices. London: Springer, 2010.

OLIVEIRA, Gerson Pastre. Novas Tecnologias da Informação e comunicação e a construção do conhecimento em cursos universitários: reflexões sobre acesso, conexões e virtualidade. OEI - Revista Iberoamericana de Educación ( ISSN: 1681-5653), 2003.

VYGOTSKY, Lev S. A formação social da mente. São Paulo: Martins Fontes, 1989.

domingo, 27 de novembro de 2011

The Captain de mon coeur

Captaine de mon coeur

il a eu un jour où je vous ai connu, pour l'aspect et l'aspect... il a eu un problème que j'aie craint ! dans la vérité il est celui dedans que je le commence, il n'a pas été assorti à votre visage, mais c'était un commencement... d'un histoire qui ne finit jamais ! problèmes derrière des problèmes, ils m'avaient gêné pour vous aimer, mais c'étaient mes problèmes, qu'ils n'é...taient jamais arrivés pour finir. une jolie relation. il serait ! donc personne ne dirait, cela dans le profond qu'il estropierait vous. il ne vous a pas voulu toujours à magoar donc a été blessé, J'ai voulu vous aimer... mais mon âme a été désespérée ! vous en fleur vieillit une rose, pas pour l'épine, mais oui pour le pétale étonnant ! donc derrière de cette douleur, le sourire était un, d'un homme, il comment a seulement voulu donner à l'amour et à l'affection...

THE PHOENIX HAS MY HEART

THE PHOENIX ON YOUR BODY

The Phoenix came into my life again... The Phoenix I imagined had gone slowly and smoothly showed its strength and beauty... I'm stuck ! Seduced by the path once pavimented with pain and despair...The Phoenix carved on your body in ink like The Maoris do comes in my direction in a shape of words straightforward to my vain weakness... Crossing the sky of my life deeply in... solitude...The artificial images took from the Phoenix and put before my eyes from lands where it has flown above - North, South and East... The fake Phoenix designed on your body released the beast from inside my guts again... From nowhere came the sound of the voice of the magnificent bird which entered my body from the ears and took out the two last rings of the chain of my liberty... Not only did it make the passion flow again, but also made me see that the Phoenix is a myth... And how can a mortal understant the absence of a myth... Of the Phoenix...

sexta-feira, 16 de setembro de 2011

MOBILE LEARNING - definições.





Para falar sobre aprendizagem através de tecnologias da informação e comunicação, é essencial discutir algumas definições que estão sendo utilizadas erroneamente na comunidade educacional. O termo e-learning, por exemplo, tem apresentado várias concepções. O “e” é visto como eletrônico, ou mesmo, como aprendizagem online, através de tecnologias digitais . Ainda é visto no meio empresarial como instrução baseada por computador ou instrução baseada na internet( PACHLER ; DALY, 2011).
Outro termo que aparece é o blended learning que consiste numa prática onde as atividades realizadas através dos computadores são integradas com atividades “face-to-face”.
Para avançar na análise, o JISC (2004) define e-learning como aprendizagem facilitada e suportada através do uso de tecnologia da informação e comunicação. Várias tecnologias podem estar envolvidas no processo, como:
• Desktop e laptops
• Softwares
• Lousas interativas
• Câmeras digitais
• Dispositivos móveis e sem fio, incluindo os aparelhos celulares
• Ferramentas de comunicação eletrônica: e-mails, fóruns, chats e vídeo conferência
Trata-se de uma nova modalidade de formação, capacitação e reforço de comunicação que utiliza os dispositivos móveis (telefones celulares, MP3 players, PDAs, Tablets e outros) como meios facilitadores e distribuidores de conhecimento e práticas educacionais. O Mobile Learning tem adquirido bastante atenção também no campo da aprendizagem informal assim como nos fala (COOK et al. 2008a). A aprendizagem com mobilidade tem chamado a atenção de praticantes e pesquisadores em todo o mundo (PACHLER ,BACHMAIR e COOK , 2010).
O M-learning não levará muito tempo, será muito mais representativo no nosso meio educacional. É um campo vasto a ser explorado e que requer pesquisa e experimento. Hoje, ainda incipiente no Brasil, mas campo bastante difundido na Inglaterra, onde surgiram as primeiras pesquisas e logicamente, nomes de destaque, como Norbert Pachler, Ben Bachmair e John Cook.
Recursos como os celulares, MP3 Players, PDAs e laptops têm sido objetos de várias pesquisas no meio acadêmico pelas possibilidades que oferecem no processo de ensino-aprendizagem. Esses instrumentos fortalecem o “mobile learning” que compreende a possibilidade de aprendizagem com mobilidade. Ao mesmo tempo que oferecem uma vasta possibilidade de usos, surge uma questão longe ainda de ter um fim, ou seja, como o sistema educacional absorverá tantas mudanças e necessidades dos indivíduos? De acordo com Pachler, 2010, muito do que é estudado, pesquisado, produzido sobre o MB continua espalhado, apresentados em seminários, conferências, contudo, não publicados de forma acadêmica, por hora em páginas pessoais e em blogs. Poucos livros têm sido publicados até então, tais como (e.g. Kukulska-Hulme
e Traxler 2005; Metcalf 2006; Pachler 2007; Ryu e Parsons 2008; Ally 2009;
Vavoula et al. 2009), e muitos dos que existem são muitas vezes coleções e contribuições de vários pesquisadores e estudiosos da área. Lembrando que a contribuição tem cunho muito mais técnico que realmente de uso pedagógico nesse campo.
o início dos experimentos com dispositivos móveis data da década de 1990. A primeira fase esta focada primordialmente em como algumas ferramentas, em particular PDAs, tablets, laptops e celulares podem ser usadas em um contexto educacional de aprendizagem para transmissão de conteúdo e treinamento. Segundo Perry (2003) apud Pachler, Bachmair, and Cook (2010), Nesta mesma época na Inglaterra , um projeto de pesquisa entre 150 professores em 30 escolas foram destribuídos alguns dispositivos móveis, principalmente PDAs que é mobile learning
1) contextualizar mobile learning no mundo (segundo capítulo de Norbert, contextualizar mobile learning no Brasil.
2) Caracterizar a importância do mobile (sua importância, aplicabilidade, importancia, uso de câmera, uso de foto, pgs, mp3)
3) Discutir a teoria de Norbert (agent, practice, structure)


O uso das novas ferramentas tecnológicas no ensino de língua estrangeira tem crescido significativamente nos últimos anos nas escolas públicas.
1) Aprendizagem móvel:
2) Ensino de língua inglesa:
3) Habilidade da fala:

Várias teorias têm buscado respostas para esse novo campo educacional, o Mobile Learning. Quando pensamos em teoria da aprendizagem, três abordagens têm despertado interesse de pesquisadores há muito tempo: Behaviorismo, Cognitivismo e o Construtivismo. Dentre essas, o construtivismo tem exercido uma forte influência em nossa sociedade.
Siemens (2008) defende que a aprendizagem está fora e dentro do sujeito. O autor defende o Conectivismo que considera que o conhecimento está literalmente distribuído através de conexões.
Pachler, Bachmair e Cook (2010) propuseram um modelo conceitual para Mobile Learning visualizado em termos ecológicos como parte de contextos sócio-culturais e pedagógicos em transformação. Os autores estabelecem que o processo de aquisição de conhecimento está envolvido a partir de múltiplos contextos. A proposta é desenhada em três aspectos:
Componentes chaves da Teoria Ecológica Sócio-cultural

AGENTE - ESTRUTURAS - PRÁTICAS CULTURAIS

Explicitando o eixo Agente, percebe-se nos jovens novos hábitos de aprendizagem, onde o ambiente se apresenta com um grande potencial para desenvolvimento. Apresenta o usuário capaz de agir com autonomia no mundo. Em relação as práticas culturais, a interação social, a comunicação e o compartilhamento tem sido bem significativo, tanto dentro como fora do espaço escolar. As estruturas apresentam as novas estratificações sociais, a massificação da comunicação e o novo currículo educacional que provoca novas possibilidades de aquisição de conhecimento.
As tecnologias móveis, também denominadas Tecnologias da Informação e Comunicação Móveis e sem Fio (TIMS), aparecem no Brasil como instrumento direcionado para o campo dos negócios. Pesquisas iniciais demonstram que há indícios de aplicabilidade na área acadêmica, não chegando necessariamente nas escolas e universidades.




NEAMPE - Núcleo de Estudo sobre Aprendizagem com Mobilidade de Pernambuco.
Edson Lourenço(Especialista em Língua Inglesa)
Ênio Tavares (Mestrando em Ciências da Linguagem e especialista em Língua e
Literatura Inglesa)
Marcos Barros (Doutorando em Educação e Mestre em Educação. Especialista em
Tecnologia na Educação)

Sobre o NEAMPE-Núcleo de Estudos sobre Aprendizagem com Mobilidade de Pernambuco.

Há um bom tempo, temos assistido a avanços tecnológicos que, inevitavelmente, têm afetado o nosso dia a dia. Não paramos e analisamos o quanto nossas vidas mudaram nos últimos 10 anos. Somos mais exigidos, somos mais exigentes com tudo. Produzimos mais e quase não se fala mais no movimento slow, que dizia que uma tendência entre os trabalhadores seria reduzir o pique de produção e horas de trabalho. Como essa tendência não se concretizou, mais e mais, precisamos de auxílios tecnológicos para nos ajudar e facilitar nossos compromissos diários, entre eles, nossos compromissos educacionais – escolas regulares, cursos de línguas, faculdades, etc. O nosso grande intuito no NEAMPE é estudar formas de facilitar a aprendizagem em um mundo em profunda evolução digital. Negar à educação esses recursos e não descobrir nos inúmeros aplicativos disponíveis funções educacionais, seria como voltar no tempo e negar à humanidade as facilidades que os celulares trouxeram às nossas vidas.
Levado por uma curiosidade inerente a nossa espécie, há alguns anos – exatamente 15 anos, tenho tentado incorporar a minha prática como professor de língua inglesa as mídias e toda sorte de recursos tecnológicos que possam ajudar o meu aluno a querer participar mais da aula e sentir-se agente no processo de construção da sua aprendizagem de forma mais significativa.
Diante do quadro que expus nos parágrafos acima, uma realidade me chama bastante a atenção, a aprendizagem com mobilidade, ou M-learning de mobile learning. Trata-se de uma nova modalidade de formação, capacitação e reforço de comunicação que utiliza os dispositivos móveis (telefones celulares, MP3 players, PDAs, Tablets e outros) como meios facilitadores e distribuidores de conhecimento e práticas educacionais.
O M-learning não levará muito tempo, será muito mais representativo no nosso meio educacional. É um campo vasto a ser explorado e que requer pesquisa e experimento. Hoje, ainda incipiente no Brasil, mas campo bastante difundido na Inglaterra, onde surgiram as primeiras pesquisas e logicamente, nomes de destaque. Pachler, Bachmair e Cook (2010) propuseram um modelo conceitual para Mobile Learning visualizado em termos ecológicos como parte de contextos sócio culturais e pedagógicos em transformação. Os autores estabelecem que o processo de aquisição de conhecimento está envolvido a partir de múltiplos contextos.

Mas as possibilidades que essa forma de aprendizado móvel descortinam são muitas:
• Acesso em qualquer lugar, com possibilidade de melhor utilização do tempo;
• Diversidade de aparelhos e plataformas a custos baixos;
• Redução de custos em logística para o deslocamento de pessoas para um ambiente comum (sala de aula);
• Maior interatividade entre os envolvidos, com possibilidade de trocar referências instantaneamente;
• Possibilidade de acessar o conteúdo a qualquer hora, tornando a ferramenta uma arma a favor da aprendizagem.
Ênio Tavares.

sexta-feira, 1 de julho de 2011

O USO DO GÊNERO VIRTUAL BLOG - relato de experiência em aulas de inglês.




O USO DO GÊNERO DIGITAL BLOG FACILITANDO A APRENDIZAGEM DE LÍNGUA INGLESA COMO LÍNGUA ESTRANGEIRA (LE).

*Ênio L.C. Tavares é mestrando em Ciências da Linguagem pela Universidade Católica de Pernambuco. Especialista em Língua Inglesa , Literatura em Língua Inglesa e Psicopedagogia. Graduado em Letras pela Universidade Católica de Pernambuco.


Resumo
Este artigo tem por objetivo apresentar e discutir a responsabilidade e utilização do blog no contexto educacional, no processo de ensino e aprendizagem de língua inglesa. Demonstrar que este gênero digital pode e deve ajudar a desenvolver as habilidades dos alunos e promover integração social entre os mesmos. Trata-se do envolvimento dos alunos com a cultura de vários países, especialmente a culinária. Os alunos são os responsáveis pela elaboração, confecção e manutenção do blog, o professor, pela monitoria. Eles escrevem textos ligados ao projeto relatando as impressões e informações pertinentes sobre os países e a culinária dos mesmos. Eles visitam os blogs dos colegas e comentam os trabalhos usando a língua alvo. Tão importante quanto criar a autonomia e autoria dos textos, é a interação social que o blog causa entre os alunos. Ao longo do projeto, deve-se deixar claro que o trabalho com a autoria dos textos traz responsabilidade social, pois o aluno-sujeito é responsável pelo que escreve. Como já tinham trabalhado com diversos aspectos culturais de inúmeros países, dentre eles, a culinária, ficou estabelecido que cada grupo escolheria um país para si, devendo escolher um prato que mais representasse aquele país. Foram 03(três) turmas, cada turma com 20(vinte) alunos, 5(cinco) grupos de 4(quatro) alunos pesquisando hipertextos. Os grupos tiveram 10(dez) dias para elaborar todo o projeto. No 11º (décimo primeiro) dia souberam a ordem das apresentações através de sorteio. As apresentações começaram no 12º.(décimo segundo) dia. Os alunos prepararam os pratos em sala, compartilharam receitas (gênero textual) e informações pertinentes sobre a cultura dos países e reportaram tudo no blog; tiveram um prazo de uma semana a partir das suas apresentações. Como resultado positivo, pontua-se a participação de 100% dos alunos. Todos os grupos apresentaram receitas e traços importantes da cultura dos países e levaram as impressões dos trabalhos para os blogs, juntamente com um breve relato das experiências e as referidas receitas. Logo, houve saldo positivo para o trabalho com o gênero textual receita, para a habilidade oral, enriquecimento de vocabulário específico e prática da autoria utilizando o gênero digital blog. Na verdade, o diário eletrônico serviu de estímulo constante ao longo de todo o projeto. O relato dos alunos ratificou o fato de ser o uso de gêneros digitais estimulante e desafiador para a aprendizagem e ensino de uma língua estrangeira.

PALAVRAS-CHAVE: NOVAS TECNOLOGIAS . GÊNEROS VIRTUAIS . BLOG.

Introdução

Ao longo de inúmeras décadas, o ensino de língua estrangeira (LE) nas escolas regulares foi considerado como tendo um papel secundário na formação discente, senão terciário (LOPES, 2002). Por muitos anos a língua inglesa foi vista apenas como instrumento para leitura de clássicos como Shakespeare, Emily Dickinson, Charles Dickens, entre outros. Por exemplo, não se despendia atenção necessária à forma como essa língua era ensinada, muito menos, a função exercida pela língua na vida dos alunos.
Com os anos 90 , a globalização impulsiona uma expansão em número de escolas de línguas e pesquisas na área que atribuíram à LE a importância devida frente à necessidade de comunicação entre países para fins político-econômicos e, consequentemente, socioculturais (VESENTINI, 1996). Pesquisadores buscaram encontrar uma abordagem de ensino que visasse a uma aprendizagem efetiva e significativa de uma língua para fins de comunicação real.
Deslumbramos, ao mesmo tempo, o desenvolvimento de algumas novas Tecnologias da Informação e da Comunicação que são responsáveis por criar novas formas de convivência e interação entre as pessoas. O computador conectado à internet, ganha espaço no comércio, indústria, nas escolas e em nossos lares. Usados até então, principalmente, para fins econômicos, o computador e a internet alcançam nossos filhos, sobrinhos e alunos e os inserem na nova realidade virtual, onde tempo e espaço são infinitos. Onde nasce uma nova forma de utilizar a escrita e a leitura. O próprio Crystal nos remete ao uso “do discurso eletrônico” quando explica sobre a Netspeak (CRYSTAL, 2001).
O uso do weblog, ou mesmo blog, como é mais conhecido atualmente, tem tomado proporções gigantescas em todo o mundo. Talvez, pela facilidade de uso das ferramentas, ou simplesmente pelo apelo emocional que um diário virtual pode causar ou quem sabe, pelo simples fato de ser instigante, constante e não gerar ônus para o usuário, nada além da conexão à rede que pode ser feita, hoje em dia, de inúmeros lugares, inclusive sem custo. Seja realmente qual for o motivo, é interessante e extremamente necessário começar a dar mais atenção ao uso pedagógico das ferramentas tecnológicas, mídias e gêneros digitais.
Depois do email , o blog é o gênero digital mais utilizado por “blogueiros” em todo o planeta. Os blogs têm movimentos constantes, sempre atualizados, contanto que assim queira o autor. Eles têm função específica e estrutura própria. Os diários eletrônicos, como também são conhecidos, são extremamente bem aceitos. Segundo palavras de Xavier (2010, p. 72), os blogs funcionam como um diário pessoal na ordem cronológica com anotações diárias sobre a pessoa, sua família e seus gostos. Trata-se de um Big Brother da internet dinâmico, interativo e instigante. (grifo do autor) (idem, p.72)
Fazer o aluno mergulhar nesse universo das mídias digitais e fazer uso dos gêneros digitais em sala são, simplesmente, formas de derrubar barreiras - muros que separam a vida deles fora da escola e universo escolar. Lembrando que para muitos estudiosos dos gêneros digitais, os blogs poderão tornar-se as formas mais populares de escritos pessoais.(SARTORI FILHO, 2001).
O problema que motiva o projeto é como tornar possível a junção de gêneros textuais, virtuais emergentes e os já consolidados como gêneros virtuais, dentre eles, o blog. A partir do momento que os alunos escrevem receitas e buscam informações na net, eles fazem um passeio por entre gêneros diferentes. Os alunos são os responsáveis pela elaboração, confecção e manutenção do blog, o professor o monitora ao longo do projeto. O aluno escreve textos ligados ao projeto relatando as impressões e informações pertinentes sobre os países e a culinária. O aluno visita o blog do colega e comenta os trabalhos usando a língua alvo. Tão importante quanto criar a autonomia e autoria dos textos, é a interação social que o blog causa entre os alunos. Também deixar claro para o aluno a responsabilidade da autoria dos textos, pois ele se torna o sujeito responsável pelo seu texto. Daí o caráter de responsabilidade social do blog.
Dentre os objetivos, destaca-se apresentar e discutir a já comentada responsabilidade e utilizar o blog no contexto educacional, no processo de ensino e aprendizagem de língua inglesa. Demonstrar que este gênero digital pode e deve ajudar a desenvolver as habilidades dos alunos e promover integração social entre os mesmos.

Referencial Teórico
Pelo termo Tecnologias da Informação e da Comunicação (TIC) compreendemos todos os recentes inventos do homem cujos objetivos mais relevantes são os de possibilitar a comunicação entre as pessoas e facilitar o acesso às informações disponíveis na rede mundial. De acordo com (PENNINGTON, 1996), (CRYSTAL, 2001) e (PAIVA, 2008), elas são as responsáveis por criar novas formas de interação humana, inserindo as pessoas em um novo ambiente chamado virtual.
Segundo (PAIVA, 2008) essa nova tecnologia é caracterizada por duas fases: Web 1.0 e Web 2.0. Entendemos a primeira como o período em que o internauta, ou usuário de internet, apenas consumia a gama de informações disponibilizadas na rede por órgãos ou simples usuários. Podemos dizer que não era nenhuma nirvana profetizada por Ted Nelson. Por outro lado, a segunda fase é ,ainda, a que estamos inseridos. Ela nos permite não só consumir, mas também produzir conteúdos diversos e divulgá-los nos ambientes virtuais. Permite que as pessoas socializem. A Web 2.0 é chamada de a internet participativa. E mais participativa ela fica com o crescimento de dispositivos móveis com acesso à rede. Além dos celulares 3G, PDAs que viraram objetos de desejo como o Blackberry, Iphone e Samsung Galaxy e transformam a web em rede a tiracolo ao prazer do usuário e de padrões de tecnologia móvel de segunda e terceira gerações. Dos vários gêneros e por suas características multimodais, destacamos dentro da Web 2, com base nos estudos de Teeler e Gray (2000), Crystal (2001), Garcia (2004), Souza (2006) e Paiva (2008): o e-mail e o blog. O Blog, como já citamos ser mais conhecido no Brasil, também chamado de página pessoal, refere-se a um diário eletrônico que permite a postagem de textos, imagens, vídeos, som, além de possibilitar a inserção de comentários.
A Web 3.0 é conhecida como uma internet semântica, na qual os sistemas poderão responder por si. Temos indícios já entre nós dessa nova geração. Quando há interação entre os “blogueiros” e os mesmos dialogam em uma janela de chat adicionada no blog e o usuário é levado a fazer modificações através de comentários de outros usuários, temos o início de uma interação. Apenas considerado o início de uma verdadeira revolução da web. Quando os sites acumulam resquícios de suas pesquisas e em pesquisas futuras são dadas opções de escolhas para você, isso é início de web 3.0 também (PEREIRA, 2005).
Existem dados com uma estimativa divulgada pela grande imprensa brasileira em agosto de 2002 que apontava para a cifra de 170.000 escreventes de blogs (OLIVEIRA, 2002). Em entrevista veiculada pela internet, Williams, um dos criadores do Blogger, afirmou que a cada dia há a inscrição média de dois mil novos usuários. Dados atuais, nos remetem a uma cifra astronômica de milhões e milhões de blogs sobre os mais variados temas (CASHEL, 2002). No mundo todo, acredita-se que já existam números chegando a quase 1 bilhão de escreventes de blogs. Todo esse material tem sido estudo da Análise do Discurso e de várias outras áreas das Ciências da Linguagem.
Todo esse material faz parte do dia-a-dia dos alunos e é obrigação nossa aproximar esse novo mundo riquíssimo de ideias e de transformações para a sala de aula.
(XAVIER, 2009) faz alusão às novas mídias afirmando que são verdades inegáveis. Não as utilizar é algo como dar as costas ao contemporâneo, como não viver no mundo atual. Como bem observou (SCHAFF, 1995): “fatos são fatos, não se podem descartá-los enfiando a cabeça no buraco como avestruz”. O próprio (XAVIER, 2010) nos chama a atenção para o fato de não introduzir mídias digitais apenas pelo simples fato de querer usá-las. Deve-se saber como, quando, por que e para quê. No caso dos gêneros virtuais, ou digitais, os usuários têm várias expectativas em relação à funcionalidade, praticidade e aplicabilidade e é através de projetos como o realizado com os alunos sobre a culinária de países de cinco continentes diferentes que exercitamos a fusão de gêneros textuais e virtuais e praticamos a autoria dos alunos.


Metodologia

Fabiana Komesu em seu artigo Blogs e as Práticas de Escrita sobre si na Internet, comenta que uma das principais características atribuídas aos suportes eletrônicos da internet é a questão da interatividade. Ela nos diz que se trata da interface entre o usuário e a máquina, mas também da possibilidade de contato entre o usuário e outros usuários, na utilização de
ferramentas que impulsionam a comunicação de maneira veloz, com a eliminação de barreiras geográficas. A noção de interatividade na internet pode ser assim associada à questão do tempo e à questão do espaço (MARCUSCHI, 2004).
Como já havíamos trabalhado aspectos relevantes sobre diversos países em aulas anteriores, não foi tarefa tão árdua escolher um país com o qual o grupo tivesse tido alguma afinidade. Foram 03(três) turmas. Cada turma com 20(vinte) alunos em um total por turma de 5(cinco) grupos de 4(quatro) alunos pesquisando hipertextos e empenhados em encontrar o prato perfeito. Os alunos tiveram 10(dez) dias para elaborar todo o trabalho. No 11º (décimo primeiro) dia souberam a ordem de apresentação através de sorteio com todos presentes. As apresentações começaram no 12º.(décimo segundo) dia.
O projeto focou no uso dos gêneros escritos e virtuais, na interação entre os alunos de 03 (três) turmas iniciantes de língua inglesa do Centro de Idiomas do SENAC Recife no período de 20 de abril de 2011 até o dia 24 de maio de 2011. O estímulo em manter um diário eletrônico com informações acerca da cultura de vários países foi o combustível para os inúmeros textos escritos pelos alunos. Os mesmos foram responsáveis pela elaboração, confecção e manutenção dos blogs, o professor os monitorou ao longo do projeto. Os alunos escreveram textos ligados ao projeto relatando as impressões e informações pertinentes sobre os países e a culinária que os marcava. Os alunos visitaram os blogs dos colegas e comentaram as impressões usando a língua alvo, o inglês. Ficou estabelecido que cada grupo escolhesse um país para si. Devendo escolher um prato que mais representasse aquele país.
Os alunos prepararam os pratos em sala, compartilharam receitas (gênero textual) e informações relevantes sobre a cultura do país. Cada grupo ficou responsável por reportar tudo no blog. Os alunos tiveram um prazo de uma semana a partir da sua apresentação para os últimos acertos.
Como é facilmente observado, o projeto teve cunho qualitativo e foi preferível seguir uma abordagem mais descritiva. Há mais trabalho de campo a bibliográfico, porém pontuando a existência do mesmo.

Resultados

Houve participação de todos os alunos envolvidos no projeto. Todos os grupos apresentaram receitas e traços importantes da cultura dos países e levaram as impressões dos trabalhos para os blogs, juntamente com um breve relato das experiências e as referidas receitas. Logo, houve um ganho quanto a habilidade escrita voltada ao gênero textual receita, assim também para a habilidade oral em língua inglesa, enriquecimento de vocabulário específico e prática da autoria em textos escritos utilizando o gênero digital blog. Na verdade, a criação do diário eletrônico contando todo o processo serviu não apenas como fio condutor, mas de estímulo constante ao longo de todo o trabalho. O relato dos alunos ratificava o fato de ser o uso de gêneros digitais estimulante e desafiador para a aprendizagem e ensino de uma língua estrangeira. (CARVALHO, 2009) diz que “cabe ao professor de idiomas o papel de explorar as possibilidades pedagógicas da Internet, em particular dos gêneros digitais, fazendo com que estes se tornem ferramentas eficazes para ensinar os alunos a se comunicarem em língua estrangeira.”
Alguns aspectos devem ser melhorados em próximos trabalhos com o gênero blog. Foi reportado por 10(dez) alunos que o trabalho não primava muito a habilidade do ouvir. Quando , na verdade, sabemos que todo o tempo ele tinha que trabalhar com os colegas se comunicando em língua inglesa. Faltou, certamente, um pouco de precaução e sensibilidade da parte do professor para deixar tal aspecto bem contextualizado e claro.
Como muitas vezes os trabalhos aconteciam em sala, encontramos dificuldade de conexão da internet móvel. O fato continua sendo um obstáculo em nosso país. Fica uma crítica a forma como as empresas ainda tratam a telefonia móvel 3G e como ainda somos reféns desses serviços.

Considerações Finais
O uso constante dos computadores e da internet demandam pesquisas de cunho social e, dessa perspectiva, o papel da linguagem torna-se central. O trabalho com BLOGS tem se popularizado e, não é recente, o apelo de vários pesquisadores para que as escolas regulares e de línguas insiram o estudo dos gêneros digitais nos conteúdos programáticos. Deixar essa oportunidade de interação e de enriquecimento social e intelectual à margem das nossas aulas é jogar fora material riquíssimo e a criatividade dos alunos. Houve satisfação por parte dos alunos quando viram seus textos, seus trabalhos valorizados e visitados. A grande questão do início do projeto foi respondida ao término. Sim, é possível trabalhar com gêneros textuais, emergentes e virtuais em concomitância com os conteúdos das turmas. Fica o desafio para inserir mais gêneros textuais e mesclá-los com outros gêneros digitais. Pois o trabalho envolvendo o hipertexto é multimodal e incita a criatividade. A convivência com os gêneros eletrônicos só tem a acrescentar na aprendizagem da leitura e escrita, desde que não se tornem únicos, mas estejam lado a lado dos outros tantos gêneros que sempre estiveram presentes na escola, na sociedade e no lar.
Com a prática de produção textual e reescrita de textos, o aluno aprende que a escrita é um processo, pelo qual eles podem explorar e descobrir seus pensamentos e ideias, e assim, produzir um texto de melhor qualidade porque estão envolvidos pessoalmente nos textos que produzem.
Os grandes teóricos da atualidade que estudam o uso das tecnologias na educação nos ensinam que não há perda em usar tais ferramentas e por conseguinte o uso de mídias digitais e gêneros digitais favorecem a aprendizagem e desenvolvimento das habilidades necessárias para ter fluência em uma língua estrangeira.

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