Nossos jovens
e o ambiente escolar
Ao vivenciarmos as novas formas de mobilidade, lazer, interatividade e aprendizagem
mediadas por tecnologias digitais, questionamos se esta escola, tanto no que se
refere ao que ensina como à forma como ensina, está adequada aos tempos atuais,
ou se está muito aquém do mundo no qual o jovem e a escola estão inseridos
(OWEN, GRANT, SAYERS & FACER, 2006).
Pensemos como há mais de um século buscávamos e
adquiríamos conhecimento, informações e lazer. As pessoas liam folhetins,
jornais, deslocavam-se às salas de concerto ou de espetáculos para terem acesso
a tudo isso. As transmissões de rádio e
televisão, assim como as gravações de discos e posteriormente a introdução de
alguns aparelhos em nossos lares: vídeo cassetes, CDs, DVDs etc. trouxeram o
entretenimento de massas para dentro de cada casa. Nos últimos anos, a Internet
causou uma segunda revolução, permitindo que as pessoas criassem o seu próprio
entretenimento através de software e aplicativos. As pessoas criam seus vídeos
e postam. A informação agora pode ser posta à discussão em fóruns abertos, os
conteúdos são colocados ao mundo. Nunca nossas vidas foram tão observadas e
monitoradas. Há um século, as crianças vestiam seus uniformes e seguiam às
escolas para participarem de aulas formais em um ambiente formal onde sentavam
umas atrás das outras em fileiras e recebiam instrução de um professor que
exigia silencia para que houvesse um processo de aprendizagem conveniente e
eficaz. Hoje. Interessante! Hoje, ainda
fazem o mesmo!
Devemos nos questionar quais as razões que levam as escolas a se manterem
no século anterior e o porquê da educação ser assim tão resistente à mudança. As
tecnologias móveis e sem fios vêm transformando o conceito de aprendizagem ao
mudarem o modo de aprender e pesquisar. Knight (2005) As competências de que necessitamos atualmente estão relacionadas com o
ser capaz de distinguir fontes de informação fidedignas das que não têm
credibilidade. O fato de estar cercado por conhecimento e informações não
quer dizer que tudo que vemos, lemos e interpretamos é realmente aquilo que se
propõe a informar ou ensinar. Saber filtrar seria uma capacidade de suma
importância no século XXI. Ferreira (2009) “assim
como filtrar, resumir e analisar criticamente diferentes fontes de informação.”
Shuler ( 2009) “Hoje em dia já se fala de
um letramento com mobilidade no
sentido da necessidade de desenvolvimento de competências voltadas ao móvel”.
Como os usuários farão a gestão da
ubiquidade e pervasividade diante dos seus dispositivos móveis. Não podemos negar que o uso de tantos
aparelhos móveis facilitam uma gama de habilidades digitais essências para o
desenvolvimento de competências digitais e tecnológicas que incorporam tarefas colaborativas vitais na
sociedade contemporânea que se caracteriza pela globalização e midiatização
(FERREIRA, 2009). Contudo, chegamos sempre ao mesmo denominador, uma vez que pesquisas
e literatura disponíveis nos apontam que a prática escolar ainda não favorece a
obtenção e desenvolvimento das tais competências digitais e tecnológicas. A
escola ainda não oferece respostas adequadas aos desafios colocados pelas
práticas digitais criativas e pelas competências de comunicação que têm sido
desenvolvidas pelos jovens no dia-a-dia. Estas
práticas permitem um grau de personalização muito maior do que as experiências
de aprendizagem em contexto escolar (FERREIRA apud GREEN, FACER, RUDD,
DILON & HUMPHREYS, 2005).
Em outro momento do texto, dialogávamos sobre
como as práticas de muitos jovens difere da realidade escolar. Parece que
algumas instituições ingenuamente não se deram conta do perigo que correm
separando e distanciando o cotidiano dos alunos da realidade da vivência e
rotina dos mesmos na escola. Drotner (2008) “Como é que as práticas e experiências digitais dos jovens influenciam
as suas atitudes relativamente à aprendizagem e práticas educacionais?” Muito
interessante o diálogo que o autor propõe em relação às práticas dos jovens e
das escolas. Quais são os momentos de conflito. Se há e o porquê de tais
conflitos. Como está a situação das atividades, do suporte de aprendizagem que
a escola oferece e a reação dos discentes. Até que ponto as práticas devem ser adequadas
aos jovens? Dialogando com o autor sobre a importância dessa aproximação e o
papel das tecnologias e mídias em relação às pessoas, eu escrevi:
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